Acaso, é tempo
de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas?
(Ag 1.4 ARA)
As profecias de Ageu foram direcionadas aos judeus remanescentes, que
haviam retornado do cativeiro persa para Jerusalém, mais precisamente no ano de
520a.C, durante o reinado persa de Dario Histapes (SHEDD). Neste período Judá
era uma província da Pérsia e estava sob o governo de Zorobabel (28ª geração de
Abraão a Jesus), assessorado pelo sumo sacerdote Josué, que foi comparado a
Cristo na 4ª visão do profeta Zacarias, contemporâneo de Ageu. Detalhe: este
não é o Josué sucessor de Moisés. Estamos falando de uma diferença de 941 anos
e o líder guerreiro de Israel viveu apenas 110 anos.
Antes dessas profecias, o Senhor havia falado ao rei persa Ciro para
enviar de volta alguns judeus para reconstruírem o Templo de Deus (Ed 5.13).
Isso aconteceu! Entretanto, após a morte deste rei, os inimigos de Israel
aproveitaram e forjaram acusações contra os hebreus. Estas foram acatadas pelo
novo rei, Assuero, também conhecido como Xerxes, esposo da rainha Ester (Ed
4.6-24 / Et 2). Com isso, ficou proibida a continuidade das obras. Após 16 anos
de obras paradas, parecendo até algumas obras públicas que conhecemos
atualmente, o Senhor levanta um profeta e reclama a reconstrução da Sua Casa. É
neste ponto que entra o nosso texto base!
Deus revelava ao Seu povo que estava insatisfeito com a negligência para
com Seu Templo. Enquanto que as casas dos judeus estavam sendo construídas em
fino acabamento ou apaineladas (NVI x ARA). O Dr. Russell Shedd observa: “A
pergunta direta do Senhor anula suas desculpas esfarrapadas. Eles possuíam
lindas e luxuosas casas, mas não construíram a casa do Senhor. Há algum
paralelo hoje?” (comentário da Bíblia SHEDD). Diante deste questionamento,
podemos perguntar também: atualmente estamos descuidando da casa do Senhor?
Quais as nossas prioridades? Quantas vezes buscamos a comunhão com Deus
na oração, na leitura da Palavra, na igreja e no contato com nossos irmãos em
Cristo? A como anda a nossa vida espiritual? Onde e como estamos cultuando ao
Criador? Quanto tempo gastamos com os nossos estudos e em aumentar nosso conhecimento?
Onde fica guardado a Palavra de Deus? Na mesa ao lado da cama ou em nossa
mente? Quem rege a nossa vida? O Senhor ou nós mesmos? A resposta a essas
perguntas responderá a primeira.
Em 1Co 3.16 lê-se: “Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o
Espírito de Deus habita em vocês?” (NVI). Hoje não temos mais o Templo do
Senhor em Jerusalém para prestarmos culto, mas temos a nova casa do Espírito
Santo de Deus, nós mesmos. É neste templo que devemos prestar cultos ao nosso
Criador. É neste templo que devemos investir tudo o que temos para que seja o
mais belo possível. É neste templo que devemos passar o maior tempo possível.
Todavia, até prestamos cultos; até investimos na sua beleza; e até passamos
tempo nele, mas para o Deus errado e com o propósito errado. Esta mensagem do
Senhor, através do profeta Ageu, é para nós hoje também.
Nós somos o nosso próprio deus! Prestamos culto para engrandecer a nossa
alma e nos envaidecermos. Nós investimos tudo o que temos para deixar o nosso
templo belo, por fora. Porque aplicamos o possível em nosso conhecimento, em
nossa vida profissional, em nosso nível acadêmico e em nosso corpo sarado. Nós
passamos o maior tempo possível nele para ver como podemos ficar mais belos,
mais inteligentes e mais ricos.
Para mudarmos esta situação devemos observar, aprender e aplicar algumas
lições dentro do mesmo contexto:
1.Se não construir o Templo, não adianta
garantir o seu sustento
“O povo está dizendo que ainda não chegou o tempo de reconstruir o
Templo” (v.2). Sempre pensamos que devemos primeiro nos garantir, ou seja,
estudar e se tornar um profissional e uma pessoa de sucesso antes de buscar a
Deus. Isso é uma mentira! Necessitamos de Deus para alcançarmos o sucesso! O
Senhor é quem supre todas as nossas necessidades (Mt 6.33) e é Ele que nos dá o
conforto e a confiança de que teremos um futuro de sucesso.
2.Ouçam as orientações do dono da casa
“Agora, vão até as montanhas, tragam madeira e construam de novo o
Templo” (v.8). O Templo de Deus somos nós. Construímos o Templo quando
crescemos espiritualmente e nos tornamos crentes fortes e sensíveis ao “Vox
dei”. Todas as orientações para desenvolvermos nossa vida espiritual estão na
Bíblia, numa vida de oração e na comunhão com os irmãos em Cristo.
3.Assim como Zorobabel e Josué, tema e
obedeça
“Então Zorobabel, filho de Salatiel, e o Grande Sacerdote Josué, filho de
Jozadaque, e todos os que haviam voltado do cativeiro na Babilônia temeram a
Deus e obedeceram à mensagem que o Senhor, o Deus deles, tinha mandado por meio
do profeta Ageu” (v. 12). Atualmente, temos vários profetas que se levantam a
alertar o povo sobre o caminho errado em curso. Com isso, devemos ouvi-los,
temer ao Senhor que envia esta mensagem e obedecer às ordens.
4.Não retarde em começar
No segundo ano
do reinado de Dario, rei da Pérsia, no primeiro dia do sexto mês, o Senhor Deus
mandou uma mensagem por meio do profeta Ageu… Eles foram e começaram a
trabalhar no templo do seu Deus, o Senhor Todo Poderoso, no dia vinte e quatro
do sexto mês do segundo ano do reinado de Dario. (v.1a,14b,15)
O povo de Israel começou a obra em 24 dias e nesse meio tempo foram em
busca do material. Então, façamos o mesmo comecemos a obra em nossas vidas
imediatamente, pois o tempo ruge e o leão pode nos tragar. “Amanhã pode ser
muito tarde, hoje Cristo [nos] quer libertar”.
Não podemos achar que devemos primeiro cuidar em
construir casas apaineladas, luxuosas e de fino acabamento. Sem o Templo não há
vida espiritual. Sem vida espiritual seremos como os zumbis do “Resident Evil”,
vagando pelo mundo e se alimentando de qualquer porcaria. Então, ouçamos e
obedeçamos as orientações de Deus, temamos a Ele e comecemos logo a obra do
empreendimento que definirá o sucesso em nossa vida. Amém!!!
P.S.: Este texto trata do tema abordado na reflexão do Momento Jovem da PIBN no dia 27/10/2012.
18. Ao que disse
ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos (seguir
bons conselhos). Assim a mulher se foi (seguir em frente) o seu caminho, e comeu (alimentar seu sonho), e já não era triste
o seu semblante (bye, bye tristeza).
19. Depois (perseverar em
seu objetivo), levantando-se (disposição
para lutar por seu objetivo) de madrugada (iniciar cedo a preparação para atingir seu objetivo),
adoraram (cultivar uma atitude de gratidão)
perante o Senhor e, voltando, foram a sua casa em Ramá. Elcana conheceu
a Ana, sua mulher, e o Senhor se lembrou dela. (grifos acrescidos)
[Observação: se achar o texto
grande, tente ler por partes ou lendo as lições que achar mais interessantes
ou, ainda, escolhendo as lições que atenderem suas necessidades no momento. De
qualquer forma, lendo tudo, muito, pouco ou nada, obrigado por nos prestigiar.
Espero, sinceramente, corresponder à expectativa que o título trouxe, embora
saiba que isso é muito difícil de alcançar. Se você conseguir a façanha de
chegar ao fim do texto, nos vemos lá, ok? =)]
Os reveses e frustrações da vida
nos desanimam e querem nos forçar a desistir. Isso acontece comigo, com você,
com seu vizinho, colega ou parente. É normal se abater diante das dificuldades
e provações. E, justamente nesses momentos de angústia e dúvidas é que nos
sentimos perdidos, desamparados e desorientados. Quando isso acontece, o que
podemos fazer e, mais importante, como devemos agir nessas situações? Não perca
a esperança nem se desespere, pois a Palavra de Deus nos oferece a resposta
certa.
Observe que vários personagens
bíblicos passaram por situações semelhantes à que você - talvez - esteja
passando. Uma dessas foi Ana, esposa de um homem chamado Elcana, há muito
(muito) tempo. Ana era estéril, embora cultivasse o desejo de ser mãe. Naquela
época, isso era motivo de escárnio e zombaria, e era isso que ela sofria
constantemente. E você pensando que esse tal de bullying era coisa
recente, não é?
A vida de Ana não era assim,
digamos, tão ruim, mas também não era completa. Faltava algo. Talvez esse seja,
também, o seu caso: falta algo para que sua vida seja completa. No caso de Ana,
ela se viu diante de perspectivas muito desanimadoras, chegando a pensar que seu sonho
jamais se tornaria realidade. Já aconteceu isso com você, de achar que seu
sonho não se realizaria? Mas Ana, ao confiar em Deus, teve sua vida totalmente
transformada por uma palavra abençoadora
de um homem de Deus.
Sim, Deus mudou a história de
Ana. E se Deus mudou a história de Ana, pode mudar a sua também, mesmo que seu
nome seja Maria, Pedro, João, Augusto, Isaque ou... como é mesmo que você se
chama (risos)? Mas, como sua vida pode mudar? Colocando em prática as lições
que Ana nos deixou, sua vida vai mudar sim, e para melhor. Quer tentar? Acompanhe-me
na breve análise das preciosas lições que podemos extrair desses dois pequenos
versos.
Mas... E se sua vida não melhorar
depois disso? E se for uma perda de tempo colocá-las em prática? Essas podem
ser dúvidas legítimas. Afinal, que garantia de mudança você tem? Para essas
perguntas, eu lhe respondo o seguinte:
Meu amigo, depois de você ler
e aplicar essas lições em sua vida, as chances de ela não mudar são ZERO!
Palavra de quem experimentou - e
aprovou - isso na prática. Uma coisa é certa: se funcionou comigo, um
ex-derrotado, vai funcionar com você, um aspirante a vencedor. Vamos às
lições.
1ª. LIÇÃO: OUVIR BONS CONSELHOS DE PESSOAS MAIS
EXPERIENTES
Ana estava enfrentando uma
situação complicada e melindrosa: ela era ridicularizada, perseguida e
humilhada em sua própria casa, e não podia se defender das acusações sofridas.
Ela foi tentada, posso perfeitamente supor isso, a pensar que o culpado dessa
perseguição era o próprio Deus. Sim, pois quem mais seria responsável por ela
não poder ser mãe? Mas, Ana foi buscar em Deus a resposta para suas
necessidades e angústias.
De início, o sacerdote não
entendeu o que se passava na alma daquela mulher. Mas, ao saber da real
situação, mudou de opinião e pronunciou a palavra de bênção sobre a vida de
Ana, que soou como um conselho: "vai em paz..."
Nossa cultura tem um ditado
popular bastante equivocado: "se conselho fosse bom, não se dava, era
vendido".
Uma análise crítica desse ditado
nos revela algumas coisas interessantes, senão vejamos. As pessoas que usam
desse expediente estão pavimentando o caminho para o próprio fracasso,
assumindo uma postura arrogante, como se fossem autosuficientes e infalíveis.
Ao agir assim, desprezam valiosos conselhos de pessoas mais experientes que, de
outro modo, poderiam mudar sua sorte.
Demonstram, também, não possuir
visão de longo prazo, ou seja, carecem de visão de futuro, enxergando apenas a
ponta do nariz (ou o umbigo). E, completando a cereja do bolo, mostram-se
ingratos. Pessoas assim, que não dão ouvidos a bons conselhos, do tipo que
entra por um ouvido e sai pelo outro, é porque têm a cabeça oca, são cabeças de
vento, ou seja, não tem nada dentro da cabeça que sirva de barreira para que as
palavras permaneçam ali. É como um cano, em que você fala de um lado e se ouve
do outro, sem nada no meio para impedir a propagação do som.
Quem tem algo dentro da cabeça,
dá ouvidos aos bons conselhos. Quem não ouve, é porque não tem nada na cabeça,
nem miolos. Resumindo? Esse tipo de atitude poderia ser intitulado "o mapa
do desastre". Pessoas humildes sempre aceitam conselhos de pessoas mais
experientes. Isso, inclusive, pode ser a diferença entre o sucesso e o
fracasso.
Quer mudar de vida, mas mudar
para melhor? Aceite conselhos, bons conselhos de quem tem algo relevante a
dizer. Achar pessoas assim não é fácil, mas se você encontrar um desses dando
sopa, levante as mãos pro céu e abra bem os ouvidos. Não raro, isso pode ser um
presente descendo direto do Céu pra sua vida.
Acerca de seguir em frente, penso
que não teria muito a escrever, justamente porque alguns de meus melhores
textos (na avaliação dos leitores, até hoje) versa sobre o assunto, sendo eles:
Amanhã, Deus vai
mudar a sua vida por completo, com 27 e 17 Votos
(estrelas e Gostei, respectivamente). Esta mensagem foi resposta de
oração, esperada por mim por longo tempo. Parece que alguns leitores
concordaram comigo.
Deixando o passado para trás, com
19 e 46 Votos (estrelas e Gostei, respectivamente). Este
post é para quem parou e não sabe como voltar ao caminho. Ou, para quem
acha que não consegue avançar e vencer.
Vou desistir! Não aguento
mais..., com 17 e 90 Votos (estrelas e Gostei,
respectivamente). Este post é o relato fiel do dia (certo, da noite) em
que decidi jogar tudo pro alto e como Deus me convenceu a tentar mais uma
vez. Olhando minha vida hoje, acho que Ele
conseguiu... rá! (Dica aos blogueiros: utilizem isso para
melhorarem o feedback de seus leitores).[…]
As cobranças sociais, familiares,
profissionais e outras, tendem a nos sufocar com o passar do tempo. Mas,
talvez, as cobranças do espelho sejam as mais cruéis e difíceis de se lidar.
Esse peso constante e opressor por resultados no fim do mês e sorrisos no
começo do dia torna nosso dia-a-dia sufocante. Seguir em frente deixa de ser
uma obrigação e passa a ser mera opção: vou continuar? Mas, está tão difícil!
#dica: vencedor
não é aquele que sempre vence, mas o que, mesmo tendo sido derrotado várias
vezes, insistiu e venceu na única vez que realmente importava: na última.
3ª. LIÇÃO: ALIMENTAR SEUS SONHOS
Ana tinha um sonho: ser
mãe. Como ela conseguiu alimentar o sonho de, um dia, amamentar um
bebê, sendo estéril? Não sei, mas o fato de ela não desistir de seu sonho já
nos diz muito sobre a disposição e perseverança daquela mulher de fé.
Imagine a situação de Ana: queria
ser mãe, mas não podia. E a outra mulher de Elcana (uma tal de Penina […]),
vivia jogando isso na cara dela. Não devia ser fácil. Eu tomo a liberdade de
especular quantas noites mal dormidas, quantas lágrimas derramadas no silêncio
da noite, quanta humilhação ela deve ter sofrido calada, engolindo em seco. Mas, como todo
invejoso, Penina foi citada apenas ali e desapareceu do restante da história,
ficando seu nome como sinônimo de mulher invejosa, rancorosa e ciumenta. Que
diferença ela fez? Nenhuma. Que legado ela deixou? Nenhum. Quem foi Penina? Não
sei.
Mas, o que dizer de Ana? Ora, Ana
não desistiu de seu sonho apesar de todas essas dificuldades e complicações.
Qual é o seu sonho? É difícil de realizar? As pessoas vivem lhe dizendo que é
impossível acontecer? Ora, não deixe seu sonho morrer de inanição: continue
alimentando-o até que ele cresça e, enfim, apareça. Com que cara ficarão
aqueles que, hoje, zombam de você quando você aparecer segurando seu sonho no
colo? E você vai perder essa chance de mostrar que eles estavam errados em
apostar em seu fracasso?
Imagine a cara de espanto da tal
Penina quando Ana disse algo parecido com: "engraçado, minha
menstruação está atrasada"... Imagine a cara que ela fez quando os
vestidos não estavam mais cabendo em Ana. Pense na dor-de-cabeça que ela deve ter tido
quando viu Ana se olhando no espelho, achando esquisita aquela barriguinha
saliente. Pensou? […] risos
Sabe qual é a lição que você
aprende aqui? Invista em seu sonho, faça ele crescer, nem que seja aos
poucos, dentro de você. Um dia, ele vai nascer, e você vai ter a maior alegria
de todo o mundo ao poder mostrar a todos que seu sonho se tornou realidade!
Sim, e por que não? Seu sonho pode virar realidade sim. Quem está dizendo que
não? […] Aprenda com Ana: alimente bem seu sonho para que, quando ele nascer,
nasça forte e saudável, apto para mostrar ao mundo a que veio. [Lembrete: Ana orou e colocou o seu sonho
nas mãos de Deus]
Quem sabe, seu sonho virá para
fazer diferença no mundo, tal como fez Samuel, que mudou a história de toda uma
nação. Pode ser que seu sonho também seja transformador. Pode ser que não...
mas, uma coisa ele vai mudar, com certeza: sua vida. Eu já alimentei vários
sonhos, e eles serviram para me mostrar que era possível ir mais longe. Dê
asas à sua imaginação, e deixe seu sonho voar livremente. Quem poderá dizer
onde ele pousará, e que surpresas agradáveis trará?
A tristeza, caso você ainda não
saiba, rouba muito mais do que o sorriso. Ela rouba nossa força e ânimo de
viver, e digo isso baseado em um trecho do livro de Neemias, que diz:
portanto não vos
entristeçais; porque a alegria do SENHOR é a vossa força. Neemias
8:10
Ora, se a alegria é força, a tristeza
só pode ser fraqueza, certo? Veja este outro verso que marcou minha vida e que,
nos momentos de desânimo, parecia um banho de merthiolate (sim, nasci
no século passado, por quê?) em minhas feridas emocionais. Senão, observe: Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é
pequena, em Provérbios 24:10.
Quando eu tive
depressão, a tristeza era minha companheira de todo dia. Eu não estava
apenas triste, eu viviatriste todo dia, e o dia todo. Raro era
o dia em que eu não chorava ou me lamentava por mais uma decepção ou
frustração. E o pior: comecei a me acostumar com essa vida triste. E assim era
minha vida: um deitar e acordar triste, amargurado. Isso quando eu não acordava
de madrugada, tomado pela tristeza. Havia dias em que eu não chorava por falta
de lágrimas, porque já tinha chorado às bicas no dia anterior. Estou falando
sério, de verdade.
Para que você tenha uma pequena
noção, houve uma noite em que fui dormir bastante abatido, triste até
(linguajar nordestino, não se espante, oxente!). De madrugada, acordei com
aquela amargura transbordando pelos poros e travando a garganta (ou goela, em nordestinês),
liguei a luz e abri a Bíblia, que caiu nesta passagem:
Você esquecerá as suas desgraças, lembrando-as apenas
como águas passadas. Jó 11.16
Aquela madrugada ficou marcada,
não só para mim, como para a Bíblia também, pois várias lágrimas escorreram de
minha face, caindo sobre suas páginas. Ainda hoje, essa pequena Bíblia, por meio da qual Deus
me deu várias respostas, traz consigo as marcas dessa nossa relação de
longa data - desde o século passado, para ser mais preciso (risos). Aquele
período de minha vida deveria ser, alguém pode pensar, um período a ser esquecido
e enterrado.
Entretanto, eu me lembro dele com
carinho, porque hoje vejo como Deus foi fiel e cumpriu praticamente tudo
daquilo que me prometeu. Hoje, eu olho para trás e contemplo a fidelidade de
Deus, por meio do cumprimento de Suas promessas. Muitas vezes eu lia a Bíblia
naquelas partes em que dizia que Deus havia mudado o pranto (choro) em folguedo
(riso), e achava aquilo impossível de acontecer comigo. Quantas vezes eu li
aqueles versículos, derramando lágrimas nas páginas da Bíblia, pedindo que Deus
mudasse meu pranto em riso? Não sei, mas foram muitas vezes.
E hoje, como está minha vida?
Olha, pra lhe ser sincero, é muito difícil eu chorar. Sério. Às vezes, eu fico
meses sem chorar. P'ra eu chorar, tem que ser algo muito (muito) sério
ou tocante, ou se Deus falar comigo. Ah, mas se Deus falar com qualquer pessoa,
difícil é não chorar, nénão? Outro efeito colateral disso é que agora
vivo fazendo piadinhas, variando de engraçadinhas a sem graça de tudo.
[…]
Agora, falando MAIS sério, vou me
dirigir a você que me lê e que está passando por duras provas. Não sei nada
sobre sua vida, mas sei da minha, e posso lhe dizer com total confiança que
Deus muda situações. Ele mudou a minha, e para MUITO melhor. Naquela época, eu
estava desempregado, endividado, vendendo o almoço pra comprar a janta, andando
a pé porque não tinha dinheiro para abastecer o velho Uninho Mille. Para
completar o quadro, minha namorada ainda tinha me dado um bem dado pé-na-tábua
(entendeu, né?). Em suma, eu era, naqueles dias, escarrado e cuspido, o retrato
do fracasso.
Mas, Deus mudou minha história. Assim como Ana,
Deus me tirou do cativeiro e fez de mim um vencedor. Hoje, eu vivo rindo à toa
(ok, fazendo piadas sem graça e rindo de mim mesmo), escrevendo toneladas de
bobagens em um blog semi-anônimo e... hum, melhor parar por aqui. Quem vai
acreditar que isso é ser vencedor, né? Mas, se Ele fez milagres na minha vida,
por que não faria na sua? E sabe como foi que o milagre começou a acontecer?
Quando eu decidi dar um “Bye, Bye, Tristeza, não precisa voltar”, Jesus entrou
em cena e tomou a direção da minha vida. Meu filme, que era mais queimado que
kibe de boteco de beira de estrada, Ele fez um novo roteiro, e me colocou no
papel principal de um filme com final feliz.
#mudança de vida:
depende muito mais de você do que dos outros. Faça a sua parte, e deixe Deus
fazer a dEle.
O ambiente de trabalho, na sua grande maioria,
proporciona contatos diários com muitas pessoas. O pacto da conferência
missionária de Lausanne 2, realizada em 1989 em na cidade de Manila, Filipinas,
propôs que o local de trabalho deveria ser encarado como a próxima fronteira
missionária a ser atingida pela igreja de Cristo. É bem evidente que tal
proposta desmistifica a figura do missionário, rejeitando o conceito de que
apenas aqueles que são enviados para pregar o evangelho em lugares distantes é
que são missionários. Na prática, isto significaria que de segunda a sexta, a
igreja teria a sua membresia atuando como testemunhas de Cristo, tanto no que
fazem, quanto no que dizem em centenas de lugares a milhares de pessoas. Tal
proposta transformaria com muito impacto a ação missionária da igreja na
cidade, ao mesmo tempo que colocaria evangelisticamente cada crente no seu
local vocacional, ou seja, anunciando a Cristo para as pessoas com quem
trabalha, vive ou estuda (1 Pe 2.9).
Acredito que quando um crente afirma que agrada a
Deus, as suas ações e vida foram e são moldadas para esse propósito. Além
disso, a prática da fé cristã autêntica também proporciona o prazer em agradar
a Deus. Quando se vivencia o evangelho em um ambiente de trabalho que é
acolhedor e tranquilo, facilmente verifica-se que nesse contexto a vida
missionária pode tomar as cores de “algo fácil”, por não exigir sacrifício
algum, ou ainda que tudo será tranquilo e calmo, sem problemas ou oposições.
Entretanto, também verificamos que o momento que vivemos apresenta milhões de
pessoas em busca, quase que frenética e incontrolável, por satisfazer seus
desejos sem considerar a vontade de Deus para suas vidas. Tal modo de vida
trafega na contramão da proposta cristã e, portanto, conflita e diferencia em
muitos aspectos dos ensinos de Jesus para a sua igreja. Olhando para o lado do
testemunho cristão como estratégia missionária urbana, é inegável que a maioria
das pessoas não cristãs rotula os princípios bíblicos como uma proposta descabida,
infantilidade, moralismo ou religiosidade de imposição, tirania da igreja, etc.
Para melhor entendermos as bases que sustentam a
vida de servos missionários urbanos que agradam a Deus, obedecendo a ordem de
viver e anunciar o evangelho de Cristo, o relato bíblico da história do profeta
Daniel, homem que viveu e participou do contexto relacional, trabalhista e
urbano de dois grandes impérios, oferece quatro colunas inegociáveis de um
servo de Deus que foi fiel e cumpriu a sua missão, a despeito do movimento
opositor e intimidador.
1. Obediência independente das
circunstâncias
Após a conquista de Jerusalém pelo rei
Nabucodonosor, Daniel foi um dos jovens judeus escolhidos para serem instruídos
nos saberes da cultura babilônica. Logo de início percebemos as agressões que
lhe foram impostas, pois perdera o conforto da família e de sua casa e recebera
a imposição de uma nova ordem cultural, totalmente influenciada pela
imoralidade, idolatria e outros pecados. No que diz respeito às propostas
impostas ao jovem Daniel, havia também a ordem de comer da mesma comida e
bebida do rei (Dn 1.5). Daniel e seus três amigos (Mizael, Ananias e Azarías)
sabiam que o Senhor havia proibido na lei de Moisés comer determinados
alimentos. Assim Daniel decidiu “que não iria ficar impuro por comer a
comida e beber o vinho que o rei dava” (Dn 1.8). Saliento que naquele ambiente
não havia absolutamente ninguém para questioná-los quanto à obediência a Deus.
Muito pelo contrário, a simples concordância com a “regra comum” praticada por
todos, pouparia Daniel de confrontos desagradáveis. O contexto cultural que
Daniel vivia não lhe era favorável em praticamente nada para ser uma pessoa
cujo agir mostraria agradar a Deus, o Senhor (Deus desconhecido para os
babilônios). Entretanto, ele buscou um meio de agradar a Deus e manter a sua
fé. Acredito que a obediência aos mandamentos de Deus nos momentos da juventude
traz consequências abençoadoras para o futuro. A decisão de obedecer a Deus foi
uma marca constante na vida de Daniel, abrindo portas para o testemunho da fé e
na busca de agradar a Deus e isto também pavimentou o cumprimento da missão que
recebera.
Missionários obedientes ao que as Sagradas
Escrituras ensinam são pessoas que agradam a Deus, pois a obediência aos
mandamentos gera prazer em Deus (2 Sm 15.22). Obediência e amor a Deus andam
juntos. Jesus afirmou aos seus discípulos: “Se obedecerem aos meus mandamentos,
eu continuarei amando vocês, assim como eu obedeço aos mandamentos do meu Pai e
ele continua a me amar” (Jo 15.10). Para abrir as portas para milhares, quem
sabe milhões, de missionários em nossas igrejas, a chave chama-se: obediência à
Palavra de Deus revelada ao Seu povo.
2. Oração como necessidade vital
Nenhum atento leitor do livro de Daniel deixará
de notar que a vida de oração daquele homem jamais esteve sobre a mesa de
negociação. O livro relata com frequência que ele orava regularmente três vezes
ao dia (Dn 6.10). Orava quando estava diante de situações difíceis em busca da
orientação de Deus (Dn 12.17-18). Orava intercedendo pelo seu povo, orava
confessando seus pecados, reconhecendo o erro dos seus antepassados e adorando
a Deus (Dn 9.1-20). Daniel era um homem de oração! Para manter a sua comunhão
com Deus através da oração, ele colocou em risco a sua própria vida e fez
questão de colocar isto de forma pública (Dn 6.11). Mesmo sendo um alto
funcionário do império medo-persa e sabedor que uma trama diabólica fora
arquitetada e construída contra ele, Daniel não deixou de demonstrar
publicamente o valor da sua comunhão com Deus. Após saber da assinatura do
decreto real que proibia qualquer pedido a não ser ao rei, Daniel poderia ter
optado por orar reservadamente no seu quarto, sem ninguém o visse. Isto o
livraria da condenação formal de seus perseguidores. Entretanto, os
homens perversos e invejosos da corte sabiam que Daniel era um homem de oração.
Sabiam através do testemunho da vida dele que ele não ira deixar de orar,
sabiam que ele não seria infiel a Deus. Daí o plano ter feito Daniel decidir
entre agradar o decreto do rei e continuar usufruindo de muito prestígio e bens
ou ser fiel a Deus e perder tudo.
Com Daniel aprendemos que a prática da oração não
é um rito, uma repetição de frases ou uma mera rotina religiosa costumeira. Se
a vida está em jogo por causa da oração, o valor da comunhão com Deus é maior
do que qualquer benefício que a vida terrena possa proporcionar. A vida de
oração de Daniel era fator vital para a realização da missão que lhe cabia. As
Escrituras ensinam que através da oração, o espírito do cristão interage com o
Espírito Santo de Deus e é por ele guiado (Rm 8.16,26); através da oração
podemos apresentar ao Deus Todo Poderoso nossas petições e anseios e Ele nos
ouve e responde (Mt 6.6). A oração está para a vida espiritual assim como o
oxigênio está para a vida do corpo. Logo, concluo que a ação missionária sem
oração é como mergulhar em um poço profundo desejando recuperar algo precioso
no seu fundo, mas sem provimento de oxigênio.
3. Confiança na providência de Deus
Por diversas vezes Daniel passou por situações
onde nada poderia fazer para alterá-las ou mesmo garantir a sua segurança. Logo
no início da sua juventude ele foi levado como escravo para a Babilônia (Dn
1.3-6). Saberia ele que depois de alguns anos, Deus o colocaria como chefe dos
sábios da Babilônia? Poderia ele garantir que a sua decisão de não parar de
orar implicaria que os leões não o iriam devorar? Sabia ele que sua fidelidade
a Deus o levaria ao mais alto cargo depois do rei? Daniel decidiu agradar a
Deus através da sua submissão à providência do Deus eterno. Confiar na
providência divina significa ver muito mais do que as circunstâncias
apresentam. Acredito que em muitas situações vivenciadas no local de trabalho
as circunstâncias são restritivas e intimidadoras para se testemunhar como
cristão. Nesses contextos é muito mais fácil se “disfarçar de mundano” e passar
despercebido como cristão. Todavia, agir assim seria desonrar a Cristo e falhar
na missão. A prática da missão, por quem quer que seja, exige confiança
na providência divina, pois é o agir seguro no Deus que é provedor que gera
fidelidade e tranquilidade. Tal tranquilidade não é o resultado do que se
percebe ou sente, mas do que se crer acerca de Deus.
Mesmo sendo injustiçado por altos funcionários da
corte e apesar de passar por grave perseguição, Daniel confiava que Deus estava
provendo todas as coisas (Dn 6.20-22). A dependência na providência divina
levou Daniel a testemunhar da sua fé, desconsiderando quaisquer resultados
humanos. Destaco que a decisão de Daniel colocando sua vida em risco para
cumprir a missão não foi solitária. Os outros três jovens amigos de Daniel
também se posicionaram da mesma forma diante do rei Nabucodonosor. Veja o
testemunho de fé que eles deram ao rei diante das autoridades com quem
trabalhavam: “Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó
Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder. Se o nosso Deus,
a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e
das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus
deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste.” (Dn 3.16-18). Quão
impactante e abençoador seria que esse exemplo missionário de Daniel e seus
amigos fosse seguido pelos milhões de trabalhadores brasileiros que se declaram
servos de Jesus!
4. Santidade e humildade para ser
servo
Precisamos estar conscientes das tentações de
esquecermos nossa missão quando estamos na posição de honra, autoridade,
prestígio e abundância. Em hipótese alguma Daniel diminuiu a sua dedicação,
obediência e devoção para com Deus quando foi exaltado no império Babilônico e
Medo-Persa. Ele sempre se mostrou humilde e dependente de Deus para tomar
decisões que primeiro agradassem a Deus. Daniel também nunca se mostrou
arrogante ou vingativo contra outras pessoas, nem procurou diminuir ninguém.
Pelo contrário, quando foi feito chefe dos sábios da Babilônia, ele não os
oprimiu, mas entendeu que sua função era viver em santidade com integridade e
sabedoria entre incrédulos, mostrando a eles como servir a Deus. Pessoas
invejosas que queriam prejudicar Daniel disseram o seguinte a respeito dele:
“Nunca encontraremos motivo para acusar esse Daniel” (Dn 6.4).
Santidade de vida cristã é buscar tudo que o
aproxima de Deus, a medida que se rejeita e se afasta do pecado. Sem a busca
por uma vida santa é impossível agradar a Deus (Hb 12.14). Sem santidade a
missão é maculada. Aqui está o aspecto missionário que leva o povo de Deus a
ser o “showroom” do reino. A igreja no mundo precisa ser uma espécie de vitrine
de vida que reflete os valores bíblicos. A prática da santidade leva o cristão
a estar entre aqueles que servem a Deus, mostrando com o seu testemunho que
seguir a Jesus é o mais fascinante projeto de vida.
Concluo chamando sua atenção para o fato de que
por três vezes no livro do profeta Daniel, encontramos um anjo dizendo a ele:
“Deus o ama muito” (Dn 9.23; 10.11 e 19). Creio que esta é a realidade que
todos os cristãos desejam ouvir. Imagine o seu Senhor, o Pai eterno e dono de
todo universo dizer para você: “servo bom e fiel”. Imagine você, a alegria e
satisfação de Daniel quando ouviu aquelas palavras como resposta às suas
orações. Que maior segurança e emoção pode alguém desfrutar do que saber que o
Deus Criador de tudo e de todos o ama muito e dele cuida?
Analise a sua vida e verifique se sua vida
missionária de testemunho está agradando a Deus através da obediência, da
oração, da confiança e da santidade. O salmista Davi sabia que servir a Deus
com a sua vida poderia exigir sacrifícios em algumas situações, entretanto
haveria sempre a certeza de estar agradando a Deus e isto produz prazer e
alegria (Sl 1 e 100).
___________ Sérgio Paulo Ribeiro Lyra é pastor e coordenador do
Consórcio Presbiteriano para Ações Missionárias no Interior. Autor do livro
“Cidades para a Glória de Deus” (Visão Mundial). É missiólogo e professor do
Seminário Presbiteriano em Recife (PE).
A mistura entre religião e política é nitroglicerina pura. Quem mexe na
coisa com displicência ou de maneira inadequada corre riscos de ver a mistura
explodir causando danos não raras vezes irreparáveis. Pois essa nitroglicerina
entrou de vez, e pela porta dos fundos, diga-se de passagem, no cenário
eleitoral da cidade de São Paulo. O noticiário informa que José Serra,
candidato do PSDB, recebeu o apoio da Igreja Mundial do Poder de Deus, do
apóstolo Valdemiro Santiago. A Igreja Universal do Reino de Deus, com ligações
estreitas com o PRB, apóia seu candidato, Celso Russomano. O mesmo fazem as
Igrejas Assembleia de Deus (Ministério Santo Amaro) e a Igreja Renascer em Cristo. As igrejas
Sara a Nossa Terra, setores dos carismáticos católicos e segmentos dos fiéis
dos padres Marcelo Rossi e Fábio de Mello apóiam o candidato do PMDB, Gabriel Chalita. Notícias
de bastidores do mundo gospel divulgadas também pela imprensa paulistana
revelam que a coordenação inter-religiosa da campanha de Fernando Haddad teria
alinhavado acordo para apresentar o candidato do PT em estande na próxima
edição da ExpoCristã, evento evangélico que promove outra mistura letal:
religião e negócios.
Os apoios dos religiosos não ocupam apenas as páginas dos jornais
e as mídias virtuais. Estão presentes também nos púlpitos
das igrejas, notadamente aquelas caracterizadas por lideranças de pendor
autoritário – não admitem questionamento e muito menos contestação – no modelo
clericalista tipo “a igreja é minha”. Pastores, bispos e
apóstolos “abençoam” publicamente seus respectivos candidatos, com
direito a orações, discursos e defesas em nome da fé e de Deus. As fronteiras
entre templos e praças públicas, púlpitos e palanques, fiéis e eleitorado,
guias espirituais e cabos eleitorais foram absolutamente devas sadas. As
comunidades de fé são transformadas em currais eleitorais e o antigo “voto de
cabresto” foi substituído por algo mais sofisticado, o “voto de cajado”, numa
referência ao abuso da autoridade pastoral sobre seus rebanhos.
Não faltam vozes condenando tais alianças entre igrejas e candidatos e
partidos políticos. Mas, por que razão a prática é considerada
inadmissível? O que existe de errado em uma igreja apoiar a eleição de um
candidato com quem poderá contar caso ele seja realmente eleito? Por que
razão o chamado “voto de cajado”, em que as lideranças religiosas manipulam
seus rebanhos para a adesão massiva a um candidato é considerada inaceitável?
Não basta dizer que “isso não é ético”. É preciso explicar porque.
O voto é um direito e uma responsabilidade do cidadão. Sindicatos,
agremiações culturais, ONGs, clubes esportivos, associações da sociedade civil
e empresas – embora se organizem para apoiar seus representantes – não
votam. Igrejas também não votam. Não existe “voto coletivo”. Quem vota é o
cidadão.
“Os deveres cívicos não devem ser encarados como propriedade privada,
mas como uma responsabilidade pública”. Esta é a opinião de Michael Sandel,
autor do best seller Justiça, baseado em curso homônimo que
atualmente ocupa a lista dos mais populares da Universidade de Harvard.
“Terceirizar os deveres cívicos significa aviltá-los e tratá-los da maneira
errada”, conclui.
A noção de deveres cívicos como responsabilidade pública, defendida por
Sandel, afeta o conceito de democracia republicana, que pode ser compreendida
pelo menos de duas maneiras. A primeira é derivada do próprio entendimento da
expressão: república, res pública, significa “a coisa pública”. A democracia,
por sua vez, pode ser compreendida, mesmo com o risco do simplismo, o poder que
em ana do povo, é exercido pelo povo, para o bem do povo. Em síntese, democracia
republicana é o exercício de administrar a coisa pública de modo a atender os
interesses coletivos.
A segunda maneira de compreender a democracia está voltada para tensão
das forças entre os diferentes grupos representativos da sociedade. Todos os
segmentos da sociedade têm direito e liberdade de associação, expressão e
mobilização para a busca dos seus próprios interesses. Em termos mais simples
ainda, cada um puxa a brasa para a sua sardinha, e assim a brasa fica espalhada
e igualmente dividida para todas as sardinhas. Na prática, isso é cruel.
Primeiro, porque quem não se expressa, não se associa e não se mobiliza,
acaba ficando sem brasa para a sua sardinha. Mas também e principalmente porque
aqueles que têm mais condições de expressão, associação e mobilização ficam com
porções significativas de brasa em suas sardinhas. Quem detém os poderes
econômicos, políticos e de comunicação de massa leva vantagem. Em outras
palavras, como todos sabemos, sobra para os pobres, que, aliás, nem mesmo sardinhas
têm.
O melhor exercício da democracia é mesmo aquele em que cada cidadão
está imbuído da busca dos interesses coletivos, independentemente de seus
próprios interesses ou de seus grupos respectivos. Em termos ideais, os
detentores do poder – em todas as instâncias – deveriam exercê-lo para o bem
comum e a promoção da justiça na sociedade. Se a res é pública, todos os
cidadãos deveriam dela se beneficiar. A expressão, associação e mobilização na
defesa dos interesses particulares de pessoas ou grupos é uma traição aos
ideais da democracia republicana.
Quando a igreja se associa e se mobiliza ao redor de candidatos que
atendem aos seus interesses, está fazendo o jogo totalitário: governar do meu
jeito, de acordo com os meus interesses, aos quais todos devem se ajustar, sob
pena de serem banidos do jogo. O cristão, é, sim, chamado a viver
dia a dia a prática de uma fé, que, por se manifestar sempre a favor da
justiça, invariavelmente trará, como resultado de sua ação transformadora,
conseqüências políticas. Respeitando as individualidades e rechaçando
veementemente os maniqueísmos e as manipulações, a igreja é lugar privilegiado
para a promoção de uma nova consciência. Boa parte dos movimentos de
transformação social surgiu de profundos compromissos espirituais e motivações
religiosas. Desmond Tutu ensinou que “não há nada mais político do que dizer
que religião e política não se misturam”. Quem se omite do processo político
favorece o status quo e fica refém do poder dominante. Vale
a reflexão. Até porque cristãos jamais deveriam se esquecer de que
inegavelmente são também seguidores de um prisioneiro político.
Quando a igreja extrapola seu papel social e assume a disposição de
“voto coletivo”, rouba do cidadão sua prerrogativa de liberdade de consciência
e opção ideológica e político partidária, bem como seu direito inalienável de
votar livremente. Nenhum apoio institucional é vazio de interesses
particulares. A igreja que apóia um candidato está explicitando sua expectativa
de retribuição e recompensa. Em outras palavras, está colocando à venda aquilo
que deveria estar fora da lógica de mercado, a saber, o voto e o mandato
público.
Essa perversão da democracia representativa, no entanto, é mais antiga
que a Grécia. Todos os poderosos a praticam. Vergonhosa e infelizmente, não
faltam líderes religiosos que participam do jogo com os mesmos critérios de
injustiça e espírito totalitário dos outros atores, comprometidos apenas
consigo mesmos e os grupos que sustentam seus privilégios. A comunidade da fé
que deveria exercer na sociedade um papel profético e diaconal acaba sendo
levada por lideranças pseudo espirituais, que abusam de sua autoridade, se
vendem por trinta moedas, e vendem o justo por preço menor do que o dos
passarinhos, como já acusou o profeta hebreu. Para esses líderes oportunistas e
inescrupulosos, a res é pública, mas a cosa é nostra – com todas as implicações
do trocadilho.
Meus irmãos, estamos começando uma nova caminhada na
PIB Natal por meio dos Pequenos Grupos. Deus tem dado sinais claros de que um
tempo de colheita está chegando na nossa igreja, tempo esse marcado pela
dedicação da vida de seus servos no altar para a realização da Obra.
Já temos dois PG em funcionamento. Um
grupo de professores universitários, liderado por Nelson e Angélica e um grupo
de casais, sob a liderança de Marcelo e Otília. Em outubro começaremos dois
grupos de mulheres, mais um de casais e pelo menos um grupo de jovens.
Os Pequenos Grupos têm como princípios:
- Multiplicação: por meio do evangelismo, com o
acréscimo de novas pessoas (parentes, vizinhos, amigos), os grupos dão origem a
outros grupos, num processo de multiplicação constante;
- Maturidade: é o crescimento individual de cada
componente, por meio das disciplinas espirituais, refletindo no crescimento do
próprio grupo. Sem maturidade, não há multiplicação.
- Mutualidade: é o pastoreio mútuo, no qual os
componentes dos grupos suprem as necessidades uns dos outros, oram uns pelos
outros, exercem o amor tão insistentemente ensinado por Jesus em seu
ministério. Os PG são o ambiente que mais favorece a comunhão e a percepção das
necessidades dos irmãos.
- Ministério: os membros do PG são estimulados ao
exercício de seus dons de forma efetiva na Obra do Senhor, para crescimento do
próprio grupo e para abençoar a grande congregação (a igreja) e os que ainda
não conhecem a Verdade.
- Mordomia: nos PG os membros são incentivados a
administrar com zelo tudo que o Senhor coloca em suas mãos, dedicando de volta
a Ele como expressão de louvor e gratidão.
Deus tem colocado no coração da liderança a
convicção de que a PIB Natal será uma igreja impactante nesta cidade, por meio
do poder do Espírito Santo, fazendo discípulos.
Ore por este propósito, pelos líderes que desde março estão sob treinamento,
pelos que farão parte dos grupos e pelas milhares de vidas que serão
alcançadas.