segunda-feira, 29 de outubro de 2012

CASAS APAINELADAS




Por João Marcos Bezerra
Texto Base: Ag 1

Acaso, é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas? (Ag 1.4 ARA)

As profecias de Ageu foram direcionadas aos judeus remanescentes, que haviam retornado do cativeiro persa para Jerusalém, mais precisamente no ano de 520a.C, durante o reinado persa de Dario Histapes (SHEDD). Neste período Judá era uma província da Pérsia e estava sob o governo de Zorobabel (28ª geração de Abraão a Jesus), assessorado pelo sumo sacerdote Josué, que foi comparado a Cristo na 4ª visão do profeta Zacarias, contemporâneo de Ageu. Detalhe: este não é o Josué sucessor de Moisés. Estamos falando de uma diferença de 941 anos e o líder guerreiro de Israel viveu apenas 110 anos.
Antes dessas profecias, o Senhor havia falado ao rei persa Ciro para enviar de volta alguns judeus para reconstruírem o Templo de Deus (Ed 5.13). Isso aconteceu! Entretanto, após a morte deste rei, os inimigos de Israel aproveitaram e forjaram acusações contra os hebreus. Estas foram acatadas pelo novo rei, Assuero, também conhecido como Xerxes, esposo da rainha Ester (Ed 4.6-24 / Et 2). Com isso, ficou proibida a continuidade das obras. Após 16 anos de obras paradas, parecendo até algumas obras públicas que conhecemos atualmente, o Senhor levanta um profeta e reclama a reconstrução da Sua Casa. É neste ponto que entra o nosso texto base!
Deus revelava ao Seu povo que estava insatisfeito com a negligência para com Seu Templo. Enquanto que as casas dos judeus estavam sendo construídas em fino acabamento ou apaineladas (NVI x ARA). O Dr. Russell Shedd observa: “A pergunta direta do Senhor anula suas desculpas esfarrapadas. Eles possuíam lindas e luxuosas casas, mas não construíram a casa do Senhor. Há algum paralelo hoje?” (comentário da Bíblia SHEDD). Diante deste questionamento, podemos perguntar também: atualmente estamos descuidando da casa do Senhor?
Quais as nossas prioridades? Quantas vezes buscamos a comunhão com Deus na oração, na leitura da Palavra, na igreja e no contato com nossos irmãos em Cristo? A como anda a nossa vida espiritual? Onde e como estamos cultuando ao Criador? Quanto tempo gastamos com os nossos estudos e em aumentar nosso conhecimento? Onde fica guardado a Palavra de Deus? Na mesa ao lado da cama ou em nossa mente? Quem rege a nossa vida? O Senhor ou nós mesmos? A resposta a essas perguntas responderá a primeira.
Em 1Co 3.16 lê-se: “Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?” (NVI). Hoje não temos mais o Templo do Senhor em Jerusalém para prestarmos culto, mas temos a nova casa do Espírito Santo de Deus, nós mesmos. É neste templo que devemos prestar cultos ao nosso Criador. É neste templo que devemos investir tudo o que temos para que seja o mais belo possível. É neste templo que devemos passar o maior tempo possível. Todavia, até prestamos cultos; até investimos na sua beleza; e até passamos tempo nele, mas para o Deus errado e com o propósito errado. Esta mensagem do Senhor, através do profeta Ageu, é para nós hoje também.
Nós somos o nosso próprio deus! Prestamos culto para engrandecer a nossa alma e nos envaidecermos. Nós investimos tudo o que temos para deixar o nosso templo belo, por fora. Porque aplicamos o possível em nosso conhecimento, em nossa vida profissional, em nosso nível acadêmico e em nosso corpo sarado. Nós passamos o maior tempo possível nele para ver como podemos ficar mais belos, mais inteligentes e mais ricos.
Para mudarmos esta situação devemos observar, aprender e aplicar algumas lições dentro do mesmo contexto:
1.      Se não construir o Templo, não adianta garantir o seu sustento
“O povo está dizendo que ainda não chegou o tempo de reconstruir o Templo” (v.2). Sempre pensamos que devemos primeiro nos garantir, ou seja, estudar e se tornar um profissional e uma pessoa de sucesso antes de buscar a Deus. Isso é uma mentira! Necessitamos de Deus para alcançarmos o sucesso! O Senhor é quem supre todas as nossas necessidades (Mt 6.33) e é Ele que nos dá o conforto e a confiança de que teremos um futuro de sucesso.
2.      Ouçam as orientações do dono da casa
“Agora, vão até as montanhas, tragam madeira e construam de novo o Templo” (v.8). O Templo de Deus somos nós. Construímos o Templo quando crescemos espiritualmente e nos tornamos crentes fortes e sensíveis ao “Vox dei”. Todas as orientações para desenvolvermos nossa vida espiritual estão na Bíblia, numa vida de oração e na comunhão com os irmãos em Cristo.
3.      Assim como Zorobabel e Josué, tema e obedeça
“Então Zorobabel, filho de Salatiel, e o Grande Sacerdote Josué, filho de Jozadaque, e todos os que haviam voltado do cativeiro na Babilônia temeram a Deus e obedeceram à mensagem que o Senhor, o Deus deles, tinha mandado por meio do profeta Ageu” (v. 12). Atualmente, temos vários profetas que se levantam a alertar o povo sobre o caminho errado em curso. Com isso, devemos ouvi-los, temer ao Senhor que envia esta mensagem e obedecer às ordens.
4.      Não retarde em começar

No segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia, no primeiro dia do sexto mês, o Senhor Deus mandou uma mensagem por meio do profeta Ageu… Eles foram e começaram a trabalhar no templo do seu Deus, o Senhor Todo Poderoso, no dia vinte e quatro do sexto mês do segundo ano do reinado de Dario. (v.1a,14b,15)

O povo de Israel começou a obra em 24 dias e nesse meio tempo foram em busca do material. Então, façamos o mesmo comecemos a obra em nossas vidas imediatamente, pois o tempo ruge e o leão pode nos tragar. “Amanhã pode ser muito tarde, hoje Cristo [nos] quer libertar”.

Não podemos achar que devemos primeiro cuidar em construir casas apaineladas, luxuosas e de fino acabamento. Sem o Templo não há vida espiritual. Sem vida espiritual seremos como os zumbis do “Resident Evil”, vagando pelo mundo e se alimentando de qualquer porcaria. Então, ouçamos e obedeçamos as orientações de Deus, temamos a Ele e comecemos logo a obra do empreendimento que definirá o sucesso em nossa vida. Amém!!!

P.S.: Este texto trata do tema abordado na reflexão do Momento Jovem da PIBN no dia 27/10/2012.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

OITO PRECIOSAS LIÇÕES PARA QUEM QUER SER UM VENCEDOR – PARTE 1

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18. Ao que disse ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos (seguir bons conselhos). Assim a mulher se foi (seguir em frente) o seu caminho, e comeu (alimentar seu sonho), e já não era triste o seu semblante (bye, bye tristeza). 19. Depois (perseverar em seu objetivo), levantando-se (disposição para lutar por seu objetivo) de madrugada (iniciar cedo a preparação para atingir seu objetivo), adoraram (cultivar uma atitude de gratidão) perante o Senhor e, voltando, foram a sua casa em Ramá. Elcana conheceu a Ana, sua mulher, e o Senhor se lembrou dela. (grifos acrescidos)

 

INTRODUÇÃO

[Observação: se achar o texto grande, tente ler por partes ou lendo as lições que achar mais interessantes ou, ainda, escolhendo as lições que atenderem suas necessidades no momento. De qualquer forma, lendo tudo, muito, pouco ou nada, obrigado por nos prestigiar. Espero, sinceramente, corresponder à expectativa que o título trouxe, embora saiba que isso é muito difícil de alcançar. Se você conseguir a façanha de chegar ao fim do texto, nos vemos lá, ok? =)]

Os reveses e frustrações da vida nos desanimam e querem nos forçar a desistir. Isso acontece comigo, com você, com seu vizinho, colega ou parente. É normal se abater diante das dificuldades e provações. E, justamente nesses momentos de angústia e dúvidas é que nos sentimos perdidos, desamparados e desorientados. Quando isso acontece, o que podemos fazer e, mais importante, como devemos agir nessas situações? Não perca a esperança nem se desespere, pois a Palavra de Deus nos oferece a resposta certa.
Observe que vários personagens bíblicos passaram por situações semelhantes à que você - talvez - esteja passando. Uma dessas foi Ana, esposa de um homem chamado Elcana, há muito (muito) tempo. Ana era estéril, embora cultivasse o desejo de ser mãe. Naquela época, isso era motivo de escárnio e zombaria, e era isso que ela sofria constantemente. E você pensando que esse tal de bullying era coisa recente, não é?
A vida de Ana não era assim, digamos, tão ruim, mas também não era completa. Faltava algo. Talvez esse seja, também, o seu caso: falta algo para que sua vida seja completa. No caso de Ana, ela se viu diante de perspectivas muito desanimadoras, chegando a pensar que seu sonho jamais se tornaria realidade. Já aconteceu isso com você, de achar que seu sonho não se realizaria? Mas Ana, ao confiar em Deus, teve sua vida totalmente transformada por uma palavra abençoadora de um homem de Deus.
Sim, Deus mudou a história de Ana. E se Deus mudou a história de Ana, pode mudar a sua também, mesmo que seu nome seja Maria, Pedro, João, Augusto, Isaque ou... como é mesmo que você se chama (risos)? Mas, como sua vida pode mudar? Colocando em prática as lições que Ana nos deixou, sua vida vai mudar sim, e para melhor. Quer tentar? Acompanhe-me na breve análise das preciosas lições que podemos extrair desses dois pequenos versos.
Mas... E se sua vida não melhorar depois disso? E se for uma perda de tempo colocá-las em prática? Essas podem ser dúvidas legítimas. Afinal, que garantia de mudança você tem? Para essas perguntas, eu lhe respondo o seguinte:
Meu amigo, depois de você ler e aplicar essas lições em sua vida, as chances de ela não mudar são ZERO!
Palavra de quem experimentou - e aprovou - isso na prática. Uma coisa é certa: se funcionou comigo, um ex-derrotado, vai funcionar com você, um aspirante a vencedor. Vamos às lições.

 

1ª. LIÇÃO: OUVIR BONS CONSELHOS DE PESSOAS MAIS EXPERIENTES

Ana estava enfrentando uma situação complicada e melindrosa: ela era ridicularizada, perseguida e humilhada em sua própria casa, e não podia se defender das acusações sofridas. Ela foi tentada, posso perfeitamente supor isso, a pensar que o culpado dessa perseguição era o próprio Deus. Sim, pois quem mais seria responsável por ela não poder ser mãe? Mas, Ana foi buscar em Deus a resposta para suas necessidades e angústias.
De início, o sacerdote não entendeu o que se passava na alma daquela mulher. Mas, ao saber da real situação, mudou de opinião e pronunciou a palavra de bênção sobre a vida de Ana, que soou como um conselho: "vai em paz..."
Nossa cultura tem um ditado popular bastante equivocado: "se conselho fosse bom, não se dava, era vendido".
Uma análise crítica desse ditado nos revela algumas coisas interessantes, senão vejamos. As pessoas que usam desse expediente estão pavimentando o caminho para o próprio fracasso, assumindo uma postura arrogante, como se fossem autosuficientes e infalíveis. Ao agir assim, desprezam valiosos conselhos de pessoas mais experientes que, de outro modo, poderiam mudar sua sorte.
Demonstram, também, não possuir visão de longo prazo, ou seja, carecem de visão de futuro, enxergando apenas a ponta do nariz (ou o umbigo). E, completando a cereja do bolo, mostram-se ingratos. Pessoas assim, que não dão ouvidos a bons conselhos, do tipo que entra por um ouvido e sai pelo outro, é porque têm a cabeça oca, são cabeças de vento, ou seja, não tem nada dentro da cabeça que sirva de barreira para que as palavras permaneçam ali. É como um cano, em que você fala de um lado e se ouve do outro, sem nada no meio para impedir a propagação do som.
Quem tem algo dentro da cabeça, dá ouvidos aos bons conselhos. Quem não ouve, é porque não tem nada na cabeça, nem miolos. Resumindo? Esse tipo de atitude poderia ser intitulado "o mapa do desastre". Pessoas humildes sempre aceitam conselhos de pessoas mais experientes. Isso, inclusive, pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso.
Quer mudar de vida, mas mudar para melhor? Aceite conselhos, bons conselhos de quem tem algo relevante a dizer. Achar pessoas assim não é fácil, mas se você encontrar um desses dando sopa, levante as mãos pro céu e abra bem os ouvidos. Não raro, isso pode ser um presente descendo direto do Céu pra sua vida.

#resumo: não ignore conselhos, pois eles podem - até - salvar sua vida!


2ª. LIÇÃO: SEGUIR EM FRENTE

Acerca de seguir em frente, penso que não teria muito a escrever, justamente porque alguns de meus melhores textos (na avaliação dos leitores, até hoje) versa sobre o assunto, sendo eles:
  • 9 razões para persistir quando as coisas insistem em dar errado, com 55 e 108 Votos (estrelas e Gostei, respectivamente). Baseado em um conhecido texto paulino. Injeção de ânimo na veia (não, na véia não... leia de novo).
  • Amanhã, Deus vai mudar a sua vida por completo, com 27 e 17 Votos (estrelas e Gostei, respectivamente). Esta mensagem foi resposta de oração, esperada por mim por longo tempo. Parece que alguns leitores concordaram comigo.
  • Deixando o passado para trás, com 19 e 46 Votos (estrelas e Gostei, respectivamente). Este post é para quem parou e não sabe como voltar ao caminho. Ou, para quem acha que não consegue avançar e vencer.
  • Vou desistir! Não aguento mais..., com 17 e 90 Votos (estrelas e Gostei, respectivamente). Este post é o relato fiel do dia (certo, da noite) em que decidi jogar tudo pro alto e como Deus me convenceu a tentar mais uma vez. Olhando minha vida hoje, acho que Ele conseguiu... rá! (Dica aos blogueiros: utilizem isso para melhorarem o feedback de seus leitores).[…]
As cobranças sociais, familiares, profissionais e outras, tendem a nos sufocar com o passar do tempo. Mas, talvez, as cobranças do espelho sejam as mais cruéis e difíceis de se lidar. Esse peso constante e opressor por resultados no fim do mês e sorrisos no começo do dia torna nosso dia-a-dia sufocante. Seguir em frente deixa de ser uma obrigação e passa a ser mera opção: vou continuar? Mas, está tão difícil!
Conforme o tempo passa, os custos de seguir em frente parecem muito altos para nossas parcas economias, com o estoque de ânimo em baixa na prateleira mental. É nesses momentos em que você vai mostrar - aos outros e a si mesmo - de que material você foi feito e qual é a fibra de seu caráter.

#dica: vencedor não é aquele que sempre vence, mas o que, mesmo tendo sido derrotado várias vezes, insistiu e venceu na única vez que realmente importava: na última.


3ª. LIÇÃO: ALIMENTAR SEUS SONHOS

Ana tinha um sonho: ser mãe. Como ela conseguiu alimentar o sonho de, um dia, amamentar um bebê, sendo estéril? Não sei, mas o fato de ela não desistir de seu sonho já nos diz muito sobre a disposição e perseverança daquela mulher de fé.
Imagine a situação de Ana: queria ser mãe, mas não podia. E a outra mulher de Elcana (uma tal de Penina […]), vivia jogando isso na cara dela. Não devia ser fácil. Eu tomo a liberdade de especular quantas noites mal dormidas, quantas lágrimas derramadas no silêncio da noite, quanta humilhação ela deve ter sofrido calada, engolindo em seco. Mas, como todo invejoso, Penina foi citada apenas ali e desapareceu do restante da história, ficando seu nome como sinônimo de mulher invejosa, rancorosa e ciumenta. Que diferença ela fez? Nenhuma. Que legado ela deixou? Nenhum. Quem foi Penina? Não sei.
Mas, o que dizer de Ana? Ora, Ana não desistiu de seu sonho apesar de todas essas dificuldades e complicações. Qual é o seu sonho? É difícil de realizar? As pessoas vivem lhe dizendo que é impossível acontecer? Ora, não deixe seu sonho morrer de inanição: continue alimentando-o até que ele cresça e, enfim, apareça. Com que cara ficarão aqueles que, hoje, zombam de você quando você aparecer segurando seu sonho no colo? E você vai perder essa chance de mostrar que eles estavam errados em apostar em seu fracasso?
Imagine a cara de espanto da tal Penina quando Ana disse algo parecido com: "engraçado, minha menstruação está atrasada"... Imagine a cara que ela fez quando os vestidos não estavam mais cabendo em Ana. Pense na dor-de-cabeça que ela deve ter tido quando viu Ana se olhando no espelho, achando esquisita aquela barriguinha saliente. Pensou? […] risos
Sabe qual é a lição que você aprende aqui? Invista em seu sonho, faça ele crescer, nem que seja aos poucos, dentro de você. Um dia, ele vai nascer, e você vai ter a maior alegria de todo o mundo ao poder mostrar a todos que seu sonho se tornou realidade! Sim, e por que não? Seu sonho pode virar realidade sim. Quem está dizendo que não? […] Aprenda com Ana: alimente bem seu sonho para que, quando ele nascer, nasça forte e saudável, apto para mostrar ao mundo a que veio. [Lembrete: Ana orou e colocou o seu sonho nas mãos de Deus]
Quem sabe, seu sonho virá para fazer diferença no mundo, tal como fez Samuel, que mudou a história de toda uma nação. Pode ser que seu sonho também seja transformador. Pode ser que não... mas, uma coisa ele vai mudar, com certeza: sua vida. Eu já alimentei vários sonhos, e eles serviram para me mostrar que era possível ir mais longe. Dê asas à sua imaginação, e deixe seu sonho voar livremente. Quem poderá dizer onde ele pousará, e que surpresas agradáveis trará?

#dica: as dificuldades, ao contrário do se pensa, não destroem os verdadeiros sonhos, mas servem como preparação para uma colheita mais saborosa e abundante.


4ª. LIÇÃO: DAR ADEUS À TRISTEZA

A tristeza, caso você ainda não saiba, rouba muito mais do que o sorriso. Ela rouba nossa força e ânimo de viver, e digo isso baseado em um trecho do livro de Neemias, que diz:
portanto não vos entristeçais; porque a alegria do SENHOR é a vossa força. Neemias 8:10
Ora, se a alegria é força, a tristeza só pode ser fraqueza, certo? Veja este outro verso que marcou minha vida e que, nos momentos de desânimo, parecia um banho de merthiolate (sim, nasci no século passado, por quê?) em minhas feridas emocionais. Senão, observe: Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena, em Provérbios 24:10.
Quando eu tive depressão, a tristeza era minha companheira de todo dia. Eu não estava apenas triste, eu vivia triste todo dia, e o dia todo. Raro era o dia em que eu não chorava ou me lamentava por mais uma decepção ou frustração. E o pior: comecei a me acostumar com essa vida triste. E assim era minha vida: um deitar e acordar triste, amargurado. Isso quando eu não acordava de madrugada, tomado pela tristeza. Havia dias em que eu não chorava por falta de lágrimas, porque já tinha chorado às bicas no dia anterior. Estou falando sério, de verdade.
Para que você tenha uma pequena noção, houve uma noite em que fui dormir bastante abatido, triste até (linguajar nordestino, não se espante, oxente!). De madrugada, acordei com aquela amargura transbordando pelos poros e travando a garganta (ou goela, em nordestinês), liguei a luz e abri a Bíblia, que caiu nesta passagem:
Você esquecerá as suas desgraças, lembrando-as apenas como águas passadas. Jó 11.16
Aquela madrugada ficou marcada, não só para mim, como para a Bíblia também, pois várias lágrimas escorreram de minha face, caindo sobre suas páginas. Ainda hoje, essa pequena Bíblia, por meio da qual Deus me deu várias respostas, traz consigo as marcas dessa nossa relação de longa data - desde o século passado, para ser mais preciso (risos). Aquele período de minha vida deveria ser, alguém pode pensar, um período a ser esquecido e enterrado.
Entretanto, eu me lembro dele com carinho, porque hoje vejo como Deus foi fiel e cumpriu praticamente tudo daquilo que me prometeu. Hoje, eu olho para trás e contemplo a fidelidade de Deus, por meio do cumprimento de Suas promessas. Muitas vezes eu lia a Bíblia naquelas partes em que dizia que Deus havia mudado o pranto (choro) em folguedo (riso), e achava aquilo impossível de acontecer comigo. Quantas vezes eu li aqueles versículos, derramando lágrimas nas páginas da Bíblia, pedindo que Deus mudasse meu pranto em riso? Não sei, mas foram muitas vezes.
E hoje, como está minha vida? Olha, pra lhe ser sincero, é muito difícil eu chorar. Sério. Às vezes, eu fico meses sem chorar. P'ra eu chorar, tem que ser algo muito (muito) sério ou tocante, ou se Deus falar comigo. Ah, mas se Deus falar com qualquer pessoa, difícil é não chorar, nénão? Outro efeito colateral disso é que agora vivo fazendo piadinhas, variando de engraçadinhas a sem graça de tudo.
[…]
Agora, falando MAIS sério, vou me dirigir a você que me lê e que está passando por duras provas. Não sei nada sobre sua vida, mas sei da minha, e posso lhe dizer com total confiança que Deus muda situações. Ele mudou a minha, e para MUITO melhor. Naquela época, eu estava desempregado, endividado, vendendo o almoço pra comprar a janta, andando a pé porque não tinha dinheiro para abastecer o velho Uninho Mille. Para completar o quadro, minha namorada ainda tinha me dado um bem dado pé-na-tábua (entendeu, né?). Em suma, eu era, naqueles dias, escarrado e cuspido, o retrato do fracasso.
Mas, Deus mudou minha história. Assim como Ana, Deus me tirou do cativeiro e fez de mim um vencedor. Hoje, eu vivo rindo à toa (ok, fazendo piadas sem graça e rindo de mim mesmo), escrevendo toneladas de bobagens em um blog semi-anônimo e... hum, melhor parar por aqui. Quem vai acreditar que isso é ser vencedor, né? Mas, se Ele fez milagres na minha vida, por que não faria na sua? E sabe como foi que o milagre começou a acontecer? Quando eu decidi dar um “Bye, Bye, Tristeza, não precisa voltar”, Jesus entrou em cena e tomou a direção da minha vida. Meu filme, que era mais queimado que kibe de boteco de beira de estrada, Ele fez um novo roteiro, e me colocou no papel principal de um filme com final feliz.

#mudança de vida: depende muito mais de você do que dos outros. Faça a sua parte, e deixe Deus fazer a dEle.

 

Postagem extraída do site: http://www.ubeblogs.net/2012/10/oito-preciosas-licoes-para-quem-quer-vencer.html

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

NA ARENA DA MISSÃO


O ambiente de trabalho, na sua grande maioria, proporciona contatos diários com muitas pessoas. O pacto da conferência missionária de Lausanne 2, realizada em 1989 em na cidade de Manila, Filipinas, propôs que o local de trabalho deveria ser encarado como a próxima fronteira missionária a ser atingida pela igreja de Cristo. É bem evidente que tal proposta desmistifica a figura do missionário, rejeitando o conceito de que apenas aqueles que são enviados para pregar o evangelho em lugares distantes é que são missionários. Na prática, isto significaria que de segunda a sexta, a igreja teria a sua membresia atuando como testemunhas de Cristo, tanto no que fazem, quanto no que dizem em centenas de lugares a milhares de pessoas. Tal proposta transformaria com muito impacto a ação missionária da igreja na cidade, ao mesmo tempo que colocaria evangelisticamente cada crente no seu local vocacional, ou seja, anunciando a Cristo para as pessoas com quem trabalha, vive ou estuda (1 Pe 2.9).
Acredito que quando um crente afirma que agrada a Deus, as suas ações e vida foram e são moldadas para esse propósito. Além disso, a prática da fé cristã autêntica também proporciona o prazer em agradar a Deus. Quando se vivencia o evangelho em um ambiente de trabalho que é acolhedor e tranquilo, facilmente verifica-se que nesse contexto a vida missionária pode tomar as cores de “algo fácil”, por não exigir sacrifício algum, ou ainda que tudo será tranquilo e calmo, sem problemas ou oposições. Entretanto, também verificamos que o momento que vivemos apresenta milhões de pessoas em busca, quase que frenética e incontrolável, por satisfazer seus desejos sem considerar a vontade de Deus para suas vidas. Tal modo de vida trafega na contramão da proposta cristã e, portanto, conflita e diferencia em muitos aspectos dos ensinos de Jesus para a sua igreja. Olhando para o lado do testemunho cristão como estratégia missionária urbana, é inegável que a maioria das pessoas não cristãs rotula os princípios bíblicos como uma proposta descabida, infantilidade, moralismo ou religiosidade de imposição, tirania da igreja, etc.
Para melhor entendermos as bases que sustentam a vida de servos missionários urbanos que agradam a Deus, obedecendo a ordem de viver e anunciar o evangelho de Cristo, o relato bíblico da história do profeta Daniel, homem que viveu e participou do contexto relacional, trabalhista e urbano de dois grandes impérios, oferece quatro colunas inegociáveis de um servo de Deus que foi fiel e cumpriu a sua missão, a despeito do movimento opositor e intimidador.

1. Obediência independente das circunstâncias
Após a conquista de Jerusalém pelo rei Nabucodonosor, Daniel foi um dos jovens judeus escolhidos para serem instruídos nos saberes da cultura babilônica. Logo de início percebemos as agressões que lhe foram impostas, pois perdera o conforto da família e de sua casa e recebera a imposição de uma nova ordem cultural, totalmente influenciada pela imoralidade, idolatria e outros pecados. No que diz respeito às propostas impostas ao jovem Daniel, havia também a ordem de comer da mesma comida e bebida do rei (Dn 1.5). Daniel e seus três amigos (Mizael, Ananias e Azarías) sabiam que o Senhor havia proibido na lei de Moisés comer determinados alimentos. Assim Daniel  decidiu “que não iria ficar impuro por comer a comida e beber o vinho que o rei dava” (Dn 1.8). Saliento que naquele ambiente não havia absolutamente ninguém para questioná-los quanto à obediência a Deus. Muito pelo contrário, a simples concordância com a “regra comum” praticada por todos, pouparia Daniel de confrontos desagradáveis. O contexto cultural que Daniel vivia não lhe era favorável em praticamente nada para ser uma pessoa cujo agir mostraria agradar a Deus, o Senhor (Deus desconhecido para os babilônios). Entretanto, ele buscou um meio de agradar a Deus e manter a sua fé. Acredito que a obediência aos mandamentos de Deus nos momentos da juventude traz consequências abençoadoras para o futuro. A decisão de obedecer a Deus foi uma marca constante na vida de Daniel, abrindo portas para o testemunho da fé e na busca de agradar a Deus e isto também pavimentou o cumprimento da missão que recebera.
Missionários obedientes ao que as Sagradas Escrituras ensinam são pessoas que agradam a Deus, pois a obediência aos mandamentos gera prazer em Deus (2 Sm 15.22). Obediência e amor a Deus andam juntos. Jesus afirmou aos seus discípulos: “Se obedecerem aos meus mandamentos, eu continuarei amando vocês, assim como eu obedeço aos mandamentos do meu Pai e ele continua a me amar” (Jo 15.10). Para abrir as portas para milhares, quem sabe milhões, de missionários em nossas igrejas, a chave chama-se: obediência à Palavra de Deus revelada ao Seu povo.

2. Oração como necessidade vital
Nenhum atento leitor do livro de Daniel deixará de notar que a vida de oração daquele homem jamais esteve sobre a mesa de negociação. O livro relata com frequência que ele orava regularmente três vezes ao dia (Dn 6.10). Orava quando estava diante de situações difíceis em busca da orientação de Deus (Dn 12.17-18). Orava intercedendo pelo seu povo, orava confessando seus pecados, reconhecendo o erro dos seus antepassados e adorando a Deus (Dn 9.1-20). Daniel era um homem de oração! Para manter a sua comunhão com Deus através da oração, ele colocou em risco a sua própria vida e fez questão de colocar isto de forma pública (Dn 6.11). Mesmo sendo um alto funcionário do império medo-persa e sabedor que uma trama diabólica fora arquitetada e construída contra ele, Daniel não deixou de demonstrar publicamente o valor da sua comunhão com Deus. Após saber da assinatura do decreto real que proibia qualquer pedido a não ser ao rei, Daniel poderia ter optado por orar reservadamente no seu quarto, sem ninguém o visse. Isto o livraria da condenação formal de seus perseguidores.  Entretanto, os homens perversos e invejosos da corte sabiam que Daniel era um homem de oração. Sabiam através do testemunho da vida dele que ele não ira deixar de orar, sabiam que ele não seria infiel a Deus. Daí o plano ter feito Daniel decidir entre agradar o decreto do rei e continuar usufruindo de muito prestígio e bens ou ser fiel a Deus e perder tudo.
Com Daniel aprendemos que a prática da oração não é um rito, uma repetição de frases ou uma mera rotina religiosa costumeira. Se a vida está em jogo por causa da oração, o valor da comunhão com Deus é maior do que qualquer benefício que a vida terrena possa proporcionar. A vida de oração de Daniel era fator vital para a realização da missão que lhe cabia. As Escrituras ensinam que através da oração, o espírito do cristão interage com o Espírito Santo de Deus e é por ele guiado (Rm 8.16,26); através da oração podemos apresentar ao Deus Todo Poderoso nossas petições e anseios e Ele nos ouve e responde (Mt 6.6). A oração está para a vida espiritual assim como o oxigênio está para a vida do corpo. Logo, concluo que a ação missionária sem oração é como mergulhar em um poço profundo desejando recuperar algo precioso no seu fundo, mas sem provimento de oxigênio.

3. Confiança na providência de Deus
Por diversas vezes Daniel passou por situações onde nada poderia fazer para alterá-las ou mesmo garantir a sua segurança. Logo no início da sua juventude ele foi levado como escravo para a Babilônia (Dn 1.3-6). Saberia ele que depois de alguns anos, Deus o colocaria como chefe dos sábios da Babilônia? Poderia ele garantir que a sua decisão de não parar de orar implicaria que os leões não o iriam devorar? Sabia ele que sua fidelidade a Deus o levaria ao mais alto cargo depois do rei? Daniel decidiu agradar a Deus através da sua submissão à providência do Deus eterno. Confiar na providência divina significa ver muito mais do que as circunstâncias apresentam. Acredito que em muitas situações vivenciadas no local de trabalho as circunstâncias são restritivas e intimidadoras para se testemunhar como cristão. Nesses contextos é muito mais fácil se “disfarçar de mundano” e passar despercebido como cristão. Todavia, agir assim seria desonrar a Cristo e falhar na missão.  A prática da missão, por quem quer que seja, exige confiança na providência divina, pois é o agir seguro no Deus que é provedor que gera fidelidade e tranquilidade. Tal tranquilidade não é o resultado do que se percebe ou sente, mas do que se crer acerca de Deus.
Mesmo sendo injustiçado por altos funcionários da corte e apesar de passar por grave perseguição, Daniel confiava que Deus estava provendo todas as coisas (Dn 6.20-22). A dependência na providência divina levou Daniel a testemunhar da sua fé, desconsiderando quaisquer resultados humanos. Destaco que a decisão de Daniel colocando sua vida em risco para cumprir a missão não foi solitária. Os outros três jovens amigos de Daniel também se posicionaram da mesma forma diante do rei Nabucodonosor. Veja o testemunho de fé que eles deram ao rei diante das autoridades com quem trabalhavam: “Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder. Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste.” (Dn 3.16-18). Quão impactante e abençoador seria que esse exemplo missionário de Daniel e seus amigos fosse seguido pelos milhões de trabalhadores brasileiros que se declaram servos de Jesus!

4. Santidade e humildade para ser servo
Precisamos estar conscientes das tentações de esquecermos nossa missão quando estamos na posição de honra, autoridade, prestígio e abundância. Em hipótese alguma Daniel diminuiu a sua dedicação, obediência e devoção para com Deus quando foi exaltado no império Babilônico e Medo-Persa. Ele sempre se mostrou humilde e dependente de Deus para tomar decisões que primeiro agradassem a Deus. Daniel também nunca se mostrou arrogante ou vingativo contra outras pessoas, nem procurou diminuir ninguém. Pelo contrário, quando foi feito chefe dos sábios da Babilônia, ele não os oprimiu, mas entendeu que sua função era viver em santidade com integridade e sabedoria entre incrédulos, mostrando a eles como servir a Deus. Pessoas invejosas que queriam prejudicar Daniel disseram o seguinte a respeito dele: “Nunca encontraremos motivo para acusar esse Daniel” (Dn 6.4).
Santidade de vida cristã é buscar tudo que o aproxima de Deus, a medida que se rejeita e se afasta do pecado. Sem a busca por uma vida santa é impossível agradar a Deus (Hb 12.14). Sem santidade a missão é maculada. Aqui está o aspecto missionário que leva o povo de Deus a ser o “showroom” do reino. A igreja no mundo precisa ser uma espécie de vitrine de vida que reflete os valores bíblicos. A prática da santidade leva o cristão a estar entre aqueles que servem a Deus, mostrando com o seu testemunho que seguir a Jesus é o mais fascinante projeto de vida.

Concluo chamando sua atenção para o fato de que por três vezes no livro do profeta Daniel, encontramos um anjo dizendo a ele: “Deus o ama muito” (Dn 9.23; 10.11 e 19). Creio que esta é a realidade que todos os cristãos desejam ouvir. Imagine o seu Senhor, o Pai eterno e dono de todo universo dizer para você: “servo bom e fiel”. Imagine você, a alegria e satisfação de Daniel quando ouviu aquelas palavras como resposta às suas orações. Que maior segurança e emoção pode alguém desfrutar do que saber que o Deus Criador de tudo e de todos o ama muito e dele cuida?
Analise a sua vida e verifique se sua vida missionária de testemunho está agradando a Deus através da obediência, da oração, da confiança e da santidade. O salmista Davi sabia que servir a Deus com a sua vida poderia exigir sacrifícios em algumas situações, entretanto haveria sempre a certeza de estar agradando a Deus e isto produz prazer e alegria (Sl 1 e 100).
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Sérgio Paulo Ribeiro Lyra é pastor e coordenador do Consórcio Presbiteriano para Ações Missionárias no Interior. Autor do livro “Cidades para a Glória de Deus” (Visão Mundial). É missiólogo e professor do Seminário Presbiteriano em Recife (PE).

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A RES É PÚBLICA, MAS A COSA É NOSTRA


Ed René Kivitz

Espiritualidade, Reflexão e Vida

Por Ed René Kivitz

 A mistura entre religião e política é nitroglicerina pura. Quem mexe na coisa com displicência ou de maneira inadequada corre riscos de ver a mistura explodir causando danos não raras vezes irreparáveis. Pois essa nitroglicerina entrou de vez, e pela porta dos fundos, diga-se de passagem, no cenário eleitoral da cidade de São Paulo. O noticiário informa que José Serra, candidato do PSDB, recebeu o apoio da Igreja Mundial do Poder de Deus, do apóstolo Valdemiro Santiago. A Igreja Universal do Reino de Deus, com ligações estreitas com o PRB, apóia seu candidato, Celso Russomano. O mesmo fazem as Igrejas Assembleia de Deus (Ministério Santo Amaro) e a Igreja Renascer em Cristo. As igrejas Sara a Nossa Terra, setores dos carismáticos católicos e segmentos dos fiéis dos padres Marcelo Rossi e Fábio de Mello apóiam o candidato do PMDB, Gabriel Chalita. Notícias de bastidores do mundo gospel divulgadas também pela imprensa paulistana revelam que a coordenação inter-religiosa da campanha de Fernando Haddad teria alinhavado acordo para apresentar o candidato do PT em estande na próxima edição da ExpoCristã, evento evangélico que promove outra mistura letal: religião e negócios.
Os apoios dos religiosos não ocupam apenas as páginas dos jornais e as mídias virtuais. Estão presentes também nos púlpitos das igrejas, notadamente aquelas caracterizadas por lideranças de pendor autoritário – não admitem questionamento e muito menos contestação – no modelo clericalista tipo “a igreja é minha”. Pastores, bispos e apóstolos “abençoam” publicamente seus respectivos candidatos, com direito a orações, discursos e defesas em nome da fé e de Deus. As fronteiras entre templos e praças públicas, púlpitos e palanques, fiéis e eleitorado, guias espirituais e cabos eleitorais foram absolutamente devas sadas. As comunidades de fé são transformadas em currais eleitorais e o antigo “voto de cabresto” foi substituído por algo mais sofisticado, o “voto de cajado”, numa referência ao abuso da autoridade pastoral sobre seus rebanhos.
Não faltam vozes condenando tais alianças entre igrejas e candidatos e partidos políticos. Mas, por que razão a prática é considerada inadmissível? O que existe de errado em uma igreja apoiar a eleição de um candidato com quem poderá contar caso ele seja realmente eleito? Por que razão  o chamado “voto de cajado”, em que as lideranças religiosas manipulam seus rebanhos para a adesão massiva a um candidato é considerada inaceitável? Não basta dizer que “isso não é ético”. É preciso explicar porque.
O voto é um direito e uma responsabilidade do cidadão. Sindicatos, agremiações culturais, ONGs, clubes esportivos, associações da sociedade civil e empresas – embora se organizem para apoiar seus representantes – não votam. Igrejas também não votam. Não existe “voto coletivo”. Quem vota é o cidadão.
“Os deveres cívicos não devem ser encarados como propriedade privada, mas como uma responsabilidade pública”. Esta é a opinião de Michael Sandel, autor do best seller Justiça, baseado em curso homônimo que atualmente ocupa a lista dos mais populares da Universidade de Harvard. “Terceirizar os deveres cívicos significa aviltá-los e tratá-los da maneira errada”, conclui.
A noção de deveres cívicos como responsabilidade pública, defendida por Sandel, afeta o conceito de democracia republicana, que pode ser compreendida pelo menos de duas maneiras. A primeira é derivada do próprio entendimento da expressão: república, res pública, significa “a coisa pública”. A democracia, por sua vez, pode ser compreendida, mesmo com o risco do simplismo, o poder que em ana do povo, é exercido pelo povo, para o bem do povo. Em síntese, democracia republicana é o exercício de administrar a coisa pública de modo a atender os interesses coletivos.
A segunda maneira de compreender a democracia está voltada para tensão das forças entre os diferentes grupos representativos da sociedade. Todos os segmentos da sociedade têm direito e liberdade de associação, expressão e mobilização para a busca dos seus próprios interesses. Em termos mais simples ainda, cada um puxa a brasa para a sua sardinha, e assim a brasa fica espalhada e igualmente dividida para todas as sardinhas. Na prática, isso é cruel. Primeiro, porque  quem não se expressa, não se associa e não se mobiliza, acaba ficando sem brasa para a sua sardinha. Mas também e principalmente porque aqueles que têm mais condições de expressão, associação e mobilização ficam com porções significativas de brasa em suas sardinhas. Quem detém os poderes econômicos, políticos e de comunicação de massa leva vantagem. Em outras palavras, como todos sabemos, sobra para os pobres, que, aliás, nem mesmo sardinhas têm.
O melhor exercício da democracia é mesmo aquele em que cada cidadão está imbuído da busca dos interesses coletivos, independentemente de seus próprios interesses ou de seus grupos respectivos. Em termos ideais, os detentores do poder – em todas as instâncias – deveriam exercê-lo para o bem comum e a promoção da justiça na sociedade. Se a res é pública, todos os cidadãos deveriam dela se beneficiar. A expressão, associação e mobilização na defesa dos interesses particulares de pessoas ou grupos é uma traição aos ideais da democracia republicana.
Quando a igreja se associa e se mobiliza ao redor de candidatos que atendem aos seus interesses, está fazendo o jogo totalitário: governar do meu jeito, de acordo com os meus interesses, aos quais todos devem se ajustar, sob pena de serem banidos do jogo.  O cristão, é, sim, chamado a viver dia a dia a prática de uma fé, que, por se manifestar sempre a favor da justiça, invariavelmente trará, como resultado de sua ação transformadora, conseqüências políticas. Respeitando as individualidades e rechaçando veementemente os maniqueísmos e as manipulações, a igreja é lugar privilegiado para a promoção de  uma nova consciência. Boa parte dos movimentos de transformação social surgiu de profundos compromissos espirituais e motivações religiosas. Desmond Tutu ensinou que “não há nada mais político do que dizer que religião e política não se misturam”. Quem se omite do processo político favorece o status quo e fica refém do poder dominante. Vale a reflexão. Até porque cristãos jamais deveriam se esquecer de que inegavelmente são também seguidores de um prisioneiro político.
Quando a igreja extrapola seu papel social e assume a disposição de “voto coletivo”, rouba do cidadão sua prerrogativa de liberdade de consciência e opção ideológica e político partidária, bem como seu direito inalienável de votar livremente. Nenhum apoio institucional é vazio de interesses particulares. A igreja que apóia um candidato está explicitando sua expectativa de retribuição e recompensa. Em outras palavras, está colocando à venda aquilo que deveria estar fora da lógica de mercado, a saber, o voto e o mandato público.
Essa perversão da democracia representativa, no entanto, é mais antiga que a Grécia. Todos os poderosos a praticam. Vergonhosa e infelizmente, não faltam líderes religiosos que participam do jogo com os mesmos critérios de injustiça e espírito totalitário dos outros atores, comprometidos apenas consigo mesmos e os grupos que sustentam seus privilégios. A comunidade da fé que deveria exercer na sociedade um papel profético e diaconal acaba sendo levada por lideranças pseudo espirituais, que abusam de sua autoridade, se vendem por trinta moedas, e vendem o justo por preço menor do que o dos passarinhos, como já acusou o profeta hebreu. Para esses líderes oportunistas e inescrupulosos, a res é pública, mas a cosa é nostra – com todas as implicações do trocadilho.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

PEQUENOS GRUPOS


Por Josaniel Oliveira

Meus irmãos, estamos começando uma nova caminhada na PIB Natal por meio dos Pequenos Grupos. Deus tem dado sinais claros de que um tempo de colheita está chegando na nossa igreja, tempo esse marcado pela dedicação da vida de seus servos no altar para a realização da Obra.

Já temos dois PG em funcionamento. Um grupo de professores universitários, liderado por Nelson e Angélica e um grupo de casais, sob a liderança de Marcelo e Otília. Em outubro começaremos dois grupos de mulheres, mais um de casais e pelo menos um grupo de jovens.

Os Pequenos Grupos têm como princípios:
- Multiplicação: por meio do evangelismo, com o acréscimo de novas pessoas (parentes, vizinhos, amigos), os grupos dão origem a outros grupos, num processo de multiplicação constante;
- Maturidade: é o crescimento individual de cada componente, por meio das disciplinas espirituais, refletindo no crescimento do próprio grupo. Sem maturidade, não há multiplicação.
- Mutualidade: é o pastoreio mútuo, no qual os componentes dos grupos suprem as necessidades uns dos outros, oram uns pelos outros, exercem o amor tão insistentemente ensinado por Jesus em seu ministério. Os PG são o ambiente que mais favorece a comunhão e a percepção das necessidades dos irmãos.
- Ministério: os membros do PG são estimulados ao exercício de seus dons de forma efetiva na Obra do Senhor, para crescimento do próprio grupo e para abençoar a grande congregação (a igreja) e os que ainda não conhecem a Verdade.
- Mordomia: nos PG os membros são incentivados a administrar com zelo tudo que o Senhor coloca em suas mãos, dedicando de volta a Ele como expressão de louvor e gratidão.

Deus tem colocado no coração da liderança a convicção de que a PIB Natal será uma igreja impactante nesta cidade, por meio do poder do Espírito Santo, fazendo discípulos.

Ore por este propósito, pelos líderes que desde março estão sob treinamento, pelos que farão parte dos grupos e pelas milhares de vidas que serão alcançadas.

Envolva-se.